Coreia do Norte

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A Coreia do Norte costuma frequentar as manchetes de jornais devido a seu programa nuclear e às denúncias de graves abusos cometidos contra os direitos humanos de seus cidadãos pelo governo do país.

Apesar dos riscos que a atuação do regime norte-coreano representa para a paz mundial, muitas pessoas sabem pouquíssimo sobre o país asiático. Para fornecer informações sobre a origem da Coreia do Norte e sobre seu regime, esse texto foi elaborado.

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Como surgiu a Coreia do Norte

O regime político na Coreia do Norte tem suas origens no período imediatamente posterior à Segunda Guerra Mundial. Em 1910, o Japão, então seguindo uma política militarista e expansionista, anexou a Coreia. Com a derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial em 1945, tropas soviéticas ocuparam o território da Península Coreana ao sul do Paralelo 38 e tropas soviéticas ocuparam o território ao norte dessa linha imaginária.

Depois de quase mil anos de existência de uma Coreia unificada, a divisão da Península Coreana em duas era vista como um fenômeno passageiro, mas soviéticos e americanos não chegaram a um acordo sobre como deveria ser criado um governo soberano na região. No final de 1947, a Organização das Nações Unidas aprovou uma resolução exigindo que eleições fossem realizadas na Coreia. A União Soviética, sob o pretexto de que a ONU não poderia garantir a lisura do pleito, recusou-se a cumprir a resolução. Assim, em maio de 1948, eleições para a Assembleia Constituinte foram realizadas, sob supervisão da ONU, apenas na área sob controle americano.

Em agosto de 1948, os Estados Unidos transferiram o controle da parte sul da Península Coreana ao recém-instalado governo da República da Coreia, mais conhecida como Coreia do Sul. Em resposta, no norte, foi instalada a República Popular Democrática da Coreia, mais conhecida como Coreia do Norte, socialista ou comunista (rigorosamente falando, o comunismo seria a etapa seguinte ao socialismo, em que as classes sociais e o Estado não existem mais – o termo “comunista”, contudo, é frequentemente usado para designar países ou regimes dominados por movimentos que defendem o comunismo).

Para liderar a Coreia do Norte, os soviéticos escolheram Kim Il-sung, um coreano que como guerrilheiro havia lutado contra os japoneses na China e na Coreia e havia se juntado ao Exército Vermelho soviético nos últimos anos da Segunda Guerra Mundial.

Guerra da Coreia

Tentativas diplomáticas para reunificar a Península Coreana falharam. Kim Il-sung tentou obter a reunificação pela força das armas: em 1950, a Coreia do Norte invadiu a Coreia do Sul. A invasão correu bem até que a chegada de forças da ONU sob liderança americana mudou a situação.

A maior parte da Coreia do Norte ficou sob poder das forças da ONU e o regime do país esteve perto do colapso. A China, que, desde 1949, estava sob controle dos comunistas liderados por Mao, contudo, interveio no conflito quando as forças anticomunistas chegaram perto de sua fronteira. As forças da ONU foram rechaçadas e um impasse militar durou até a assinatura de um armistício em 1953.

Basicamente, Coreia do Norte e Coreia do Sul ficaram com os territórios que controlavam quando o armistício foi assinado. Uma Zona Desmilitarizada estendendo-se por toda fronteira entre as Coreias e com largura de cerca de 4 quilômetros foi criada.

Desenvolvimento do regime na Coreia do Norte

O regime da Coreia do Norte, no governo de Kim Il-sung, passou a guardar semelhanças com o modelo adotado pelos (ou imposto aos) países do Bloco Soviético. Entre elas, podem ser mencionadas a existência de um partido dominante intimamente ligado ao Estado, o Partido dos Trabalhadores Coreano (embora haja outros dois partidos permitidos no país, eles têm influência mínima), a economia controlada pelo Estado e liberdades de imprensa, consciência, expressão e religião bastante limitadas.

Na década de 50, Kim Il-sung conseguiu vencer uma tentativa de lideranças de seu partido – apoiadas por China e União Soviética – de destituí-lo da liderança do Estado e do partido e expurgou seus rivais, consolidando assim seu domínio. Kim Il-sung, que havia rejeitado as críticas de Nikita Khrushchov, líder soviético, aos crimes de Stalin e ao culto à personalidade dele, continuou controlando o partido e o estado em moldes stalinistas.

Uma das contribuições ideológicas de Kim Il-sung para o regime norte-coreano foi a ideia de Juche, palavra que, em política, costuma ser traduzida como “autossuficiência”. Segundo Kim Il-sung, a Coreia do Norte deveria buscar independência política e autossuficiência econômica.

Ficou claro na década de 80 que Kim Il-sung estava manobrando para ser sucedido por seu filho Kim Jong-il. Essa sucessão aconteceu em 1994, quando Kim Il-sung faleceu. A Coreia do Norte pós- Kim Il-sung experimentou outra sucessão desse tipo em 2011, quando Kim Jong-il foi sucedido ao falecer por seu próprio filho Kim Jong-un. O fato de três gerações da família Kim terem chegado ao poder faz com que algumas pessoas digam que a Coreia do Norte é comunista, mas se parece com uma monarquia absolutista. Ainda hoje, devido à propaganda e à pressão estatais, as memórias de Kim Jong-il e Kim Il-sung são cultuadas na Coreia do Norte, assim como é cultuada a personalidade do atual líder, Kim Jong-un.

Como é o nível de vida da população da Coreia do Norte

Durante o período de reconstrução do país, depois da Guerra da Coreia, a Coreia do Norte, que possuía maior tradição industrial e é rica em recursos minerais como ferro e carvão, experimentou um robusto crescimento econômico e, apesar de ter sofrido pesados bombardeios americanos, era mais rica do que sua contraparte do sul.

Com o passar do tempo, porém, a economia da Coreia do Norte passou a experimentar estagnação e mesmo retrocesso. Na altura da década de 70, já era possível perceber que o padrão de vida do sul tinha superado o do norte. É difícil conseguir informações confiáveis sobre a Coreia do Norte, que possui um dos regimes mais fechados do mundo, mas especialistas estimam que, medido com base no poder de compra, a renda per capita norte-coreana é um oitavo da brasileira, um vigésimo da sul-coreana e equivalente à haitiana.

Entre as razões para o atraso da economia norte-coreana, podem ser citadas limitaçõss do modelo socialista, exagerada ênfase em autossuficiência, que impede que a Coreia do Norte use o comércio internacional para seu desenvolvimento como fez a Coreia do Sul, um Tigre Asiático, e elevados gastos militares.

Vários fatores, como o fim da ajuda da União Soviética, que se dissolveu em 1991, sucessivas secas e enchentes, que destruíram plantações, reservas alimentares de emergência e parte da infraestrutura do país, exacerbaram as deficiências da economia do país e deram origem, entre 1994 e 1998, a um período de fome disseminada. Esse período, chamado oficialmente de “marcha árdua”, cobrou e da sociedade da Coreia do Norte pesado preço em vidas humanas. As estimativas de perdas de vidas humanas devido à fome nesse período vão de algumas centenas de milhares a uns poucos milhões.

Embora a situação de fome generalizada tenha sido superada, os sistemas de produção e distribuição de alimentos ainda são inadequados. Embora as elites tenham melhor acesso a serviços e bens de consumo, especialmente nos majores centros urbanos, o nível de vida do norte-coreano médio é tido como muito baixo