Eleições nos Estados Unidos

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As eleições nos Estados Unidos acontecem de uma forma diferente de como é feito nas eleições do Brasil. Existem algumas semelhanças, sendo uma delas o voto feito pelos eleitores de modo secreto e o tempo de duração do mandato presidencial também ser o mesmo período de quatro anos como ocorre no Brasil. Porém, existem muitas diferenças entre o processo eleitoral desses dois países.

Para começar, é preciso citar que, apesar de os votos serem dados para candidatos específicos nas eleições nos Estados Unidos, a eleição ocorre de forma indireta. Isso quer dizer que o povo não elege diretamente os seus candidatos, mas quem realmente o faz são os chamados colégios eleitorais.

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Entendendo o que é um colégio eleitoral

Para que o futuro presidente seja escolhido nos EUA, os votos dados aos candidatos pelos eleitores dos 50 Estados e da capital Washington são usados para eleger os delegados do colégio eleitoral. Cada um desses Estados apresenta uma quantidade específica de delegados no colégio eleitoral, cuja proporção está relacionada ao tamanho de cada Estado.

Desde o ano de 1954, a quantidade total de delegados é de 538 e, para a vitória de um candidato nas eleições, é necessário que ele obtenha a metade do total de votos (mais um) do colégio eleitoral. Isso significa que o candidato à presidência precisa conquistar pelo menos 270 votos.

O Estado com o menor número de delegados é o Wyoming, pois ele possui uma quantidade pequena de habitantes. Esse Estado apresenta apenas 3 delegados que o representa no colégio eleitoral, a mesma quantidade que a capital Washington. Já a Califórnia consiste no Estado que possui a maior quantidade de habitantes e conta com 55 delegados. Logo após a Califórnia está o Estado do Texas, com 38 delegados, depois Nova Iorque e Flórida com 29.

Eleições EUA: como funciona

O voto dos eleitores não é creditado de forma direta ao candidato nas eleições nos Estados Unidos. Em cada Estado, os votos são usados para eleger os delegados no colégio eleitoral. São esses delegados que irão representar os eleitores do seu Estado e participar da escolha do presidente.

Prévias eleitorais

A primeira etapa é uma pré-eleição, que consiste em um tipo de convenção partidária feita em 13 Estados pelos partidos democrata e o republicano. Em seguida, são feitas as eleições primárias, que podem ser definidas como uma série de eleições realizadas dentro dos partidos. Dessa forma, são definidos os pré-candidatos, que passam a concorrer pela vaga de candidato oficial do partido ao qual pertence.

Para que seja feita a decisão dos candidatos nos partidos dos EUA, é realizada uma programação denominada prévia eleitoral. Nesse período, que leva pelo menos 7 meses, a disputa do voto popular é feita entre dezenas de candidatos vinculados aos partidos principais.

Cada um dos Estados norte-americanos apresenta um modelo diferente de prévia, que pode ser feita das seguintes maneiras: em um Estado, o eleitor poderá efetuar o seu voto em qualquer eleição primária. Em outros Estados, porém, é necessário que o eleitor apresente a filiação partidária e vote nas eleições primárias da área em que estiver registrado.

Depois que os candidatos são escolhidos nas prévias, eles devem ter suas candidaturas oficializadas nas convenções partidárias, que duram em média 4 dias.

O Vencedor Leva Tudo

Na maioria dos Estados norte-americanos, todos os delegados que representam o colégio eleitoral devem obrigatoriamente votar no candidato que obteve a maior quantidade de votos no Estado, com exceção do Maine e Nebraska (onde os votos são distribuídos de forma proporcional à votação dos candidatos). Esse sistema é chamado de “The Winner Takes It All” (que é traduzido como “O Vencedor Leva Tudo”).

Essa modalidade de votação é feita de seguinte forma: se um candidato vence seu adversário em determinado Estado, todos os votos do colégio eleitoral desse Estado serão creditados a ele e nenhum para o adversário que foi derrotado naquele Estado.

Por esse motivo, como cada Estado possui uma quantidade de representantes de acordo com a população, é possível que, ao final de uma eleição, um candidato que não tenha obtido mais votos na soma geral do que o seu adversário vença a disputa presidencial por ter a maior quantidade de representantes no colégio eleitoral.

Não são todos os Estados que obrigam os delegados dos colégios eleitorais a dar o seu voto para o candidato escolhido pelos cidadãos. Mas, por tradição, é o que geralmente acontece na prática.

Mudando os passos das eleições nos Estados Unidos

O sistema de votação nos Estados Unidos, com base no sistema de colégio eleitoral, já possibilitou a vitória de quatro presidentes nos Estados Unidos que tiveram uma quantidade de votos populares menor do que os seus respectivos adversários.

Esse foi o caso da vitória do presidente George W. Bush, que concorreu com o democrata Al Gore no ano de 2000. Bush teve uma por volta de 500.000 votos a menos do que Al Gore, mas venceu porque a quantidade de votos do colégio eleitoral foi maior do que o seu adversário.

O mesmo aconteceu em 2016 nas eleições dos Estados Unidos entre o candidato republicano Donald Trump e a sua rival democrata Hillary Clinton, que teve mais votos populares do que ele, mas perdeu na contagem dos votos do colégio eleitoral.

Como as eleições nos Estados Unidos se diferem da brasileira

A principal diferença entre as eleições brasileiras e as eleições dos Estados Unidos é que há a possibilidade de que o candidato americano à presidência seja eleito mesmo sem ter obtido a maioria dos votos da população.

Para votar nos EUA, é preciso realizar um cadastro eleitoral e, ao contrário do Brasil, o voto dos norte-americanos é facultativo. Por essa razão, não existe a necessidade de justificar ou pagar uma multa se não votar.

Como o voto é facultativo e não há qualquer tipo de punição para o eleitor que decide não comparecer às urnas, isso faz com que os candidatos busquem de todas as formas levar o eleitor a dar o seu voto favorável.

Outra das diferenças é que, nas eleições nos Estados Unidos, há vários Estados onde é possível fazer a votação antecipada. Dessa forma, o eleitor pode enviar o seu voto pelo correio (mesmo que esteja no exterior) ou então depositar nos locais previamente definidos. Esse é outro motivo pelo qual as campanhas políticas procuram garantir os seus eleitores antes da data das eleições.

Enquanto a votação no Brasil é feita utilizando urnas eletrônicas que registram os votos dos eleitores, nos EUA o voto é feito em cédulas de papel. Cada cédula possui apenas o nome dos principais candidatos, mas há Estados onde o eleitor pode escrever o nome do candidato que não consta na cédula.

A votação nas eleições dos Estados Unidos é realizada em apenas um turno, sem que haja a possibilidade de ocorrer um segundo turno. A razão para isso é porque o sistema eleitoral é bipartidário. As campanhas podem ser financiadas por doações privadas. Além disso, as doações podem ser feitas por pessoas físicas, comitês de ação política e por grupos cívicos.

O financiamento público também é permitido, mas é preciso que alguns requisitos sejam cumpridos. Porém, é comum acontecer de alguns candidatos acabarem por abrir mão de recursos públicos em suas campanhas. Além disso, nas eleições dos Estados Unidos, é possível que o candidato realize também uma arrecadação através da internet.

Democratas x Republicanos

Todos os presidentes da história dos EUA pertenciam ou ao Partido Democrata ou ao Partido Republicano. Como as eleições norte-americanas são realizadas com base nos dois maiores partidos, as eleições nos Estados Unidos são consideradas bipartidárias.

Entre os partidos menores estão, por exemplo, o Partido Libertário, Parido Verde, Partido Constitucional (conservador), Partido Reformista (centro-esquerda) e o Partido para o Socialismo e a Libertação (extrema-esquerda). Por se tratar de partidos pequenos e sem reais chances de vitórias, geralmente os seus candidatos sequer aparecem nas cédulas de votação.

Há alguns Estados que permitem o voto para candidatos que não configuram nas cédulas eleitorais, desde que o nome completo desse candidato seja escrito pelo eleitor. Além disso, para que os candidatos dos partidos menores sejam votados em todos os Estados, é necessário que eles atendam aos critérios da legislação estadual.

Alguns Estados apresentam um histórico de votos republicanos e outros Estados têm maioria democrata. Essa identidade de cada Estado se mantém definida, independente dos candidatos que estejam disputando a presidência do país.

Os Estados onde não há essa identidade política definida é onde existe uma maior disputa entre os candidatos e também é onde a campanha é feita envolvendo um maior investimento financeiro e de esforços, já que podem definir o resultado final.

Por essa razão, o mais relevante nas eleições nos Estados Unidos é a disputa que ocorre entre os Estados, principalmente naqueles onde a votação é menos previsível. Quando o Estado não possui uma definição democrata ou republicana, é chamado de “swing state”, como é o caso da Flórida e da Pensilvânia, por exemplo.

Além dos candidatos dos grandes partidos, há também os que concorrem de forma independente. Porém, esses candidatos não apresentam reais chances de serem eleitos pela população.