Escassez

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A palavra escassez é um substantivo feminino que indica a qualidade, característica ou condição de algo que está escasso. Ou seja, o que é escassez tem relação muito próxima com falta, carência, enfim, o estado de coisas que se apresenta insuficiente quanto a recursos que possam satisfazer as necessidades de um indivíduo, um grupo ou mesmo do conjunto da sociedade. O termo escassez também é apropriado ao tratar da situação de pobreza de determinada pessoa ou país. Por exemplo: Maria tem passado inúmeras dificuldades devido à escassez.

significado de escassez

O conceito de escassez é utilizado para apontar diversos aspectos, mas tem dois em especial que são bem aproveitados e que serão abordados neste artigo. Um deles é a escassez de recursos hídricos, uma condição bastante ameaçadora para a sobrevivência humana. Outro exemplo que se pode falar e está relacionado a essa ideia é a escassez de recursos naturais, quando, por diversas razões, há pouca disponibilidade de determinado recurso, muito utilizado para a produção de algum bem de consumo. O conceito de escassez nesses casos costuma estar ligado com recursos naturais não renováveis, como é o caso dos minérios retirados das rochas, do petróleo retirado das profundezas de nossas terras e mares, entre outros.

E também a escassez pode significar uma expressão própria no que tange à economia, pois trata-se de um aspecto bem peculiar e que interfere em vários níveis o andamento do desenvolvimento das sociedades e, consequentemente, o dia a dia dos cidadãos.

Escassez de água

Como já mencionado, a escassez de água é um dos problemas que mais atormentam a humanidade, pois trata-se de recurso que pode sumir do planeta no futuro ainda mais devido ao crescimento do consumo e dos impactos ambientais das ações do homem que podem afetar a produção de água pela natureza (queimadas, desmatamento, poluição e contaminação de rios, lagos e lençóis freáticos, entre outros).

Apesar de a Terra ter inúmeros oceanos e água em profusão, a verdade é que a água doce, que é possível ser consumida pelos humanos e utilizada na produção de alimentos, representa apenas 2.5% de toda a água existente no globo terrestre. E para piorar a situação, mais ou menos 40% das pessoas não possuem acesso à água em uma quantidade realmente necessária para o seu bem-estar. Ou seja, a luta pelo líquido já é grande e tende a se tornar cada vez mais intensa.

A escassez de água no mundo tem se agravado ao longo dos anos muito por conta da desigualdade social, do problema com o manejo indiscriminado e do mau uso sustentável desse recurso. Para se ter uma ideia da disparidade da utilização de água no planeta, a África é onde a falta de água já atinge níveis mais do que preocupantes. E lá a média de consumo de água por pessoa é de apenas 10 a 15 litros por pessoa/dia. Já na poderosa cidade norte-americana de Nova York, o consumo de água potável é absurdamente exagerado: um cidadão chega a gastar em média por dia 2 mil litros de água.

Se menos da metade da população tem acesso à água, para onde vai todo esse recurso? De acordo com a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), 73% do consumo de água é destinado para a irrigação de plantações para a produção de alimentos; 21% da água é utilizada nas indústrias; e apenas 6% é aplicada no uso doméstico e na ingestão pelos seres humanos.

Há um outro problema marginal aí. Mais de 1 bilhão e 200 milhões de pessoas não possuem acesso à água tratada. Além disso, cerca de 1 bilhão e 800 milhões de pessoas não têm serviços adequados de saneamento básico. Isso faz com que aproximadamente 10 milhões de seres humanos morram todos os anos por conta de doenças intestinais causadas pela água sem tratamento adequado.

Algo que tem aumentado exponencialmente o consumo de água é o crescimento populacional, que exige mais alimentos e acaba por gerar mais gastos dos recursos hídricos para atender a demanda crescente. O comércio internacional de grãos necessita de mil toneladas de água para produzir apenas uma tonelada de grãos.

Ao mesmo tempo, pesquisadores calculam a exaustão dos aquíferos (grandes extensões de água que ficam embaixo do solo e existem em alguns lugares do planeta) em 160 bilhões de metros cúbicos ou 160 bilhões de toneladas. Esse déficit hídrico equivale a 160 milhões de toneladas de grãos, ou metade da colheita dos Estados Unidos. Isto é, a extração demasiada dos recursos hídricos para as plantações tem esgarçado os rios, lagos, reservatórios e aquíferos em todo o planeta.

Outro elemento que impacta no consumo de água é a industrialização. A concentração populacional provocada pela urbanização proporciona um crescimento de demanda de produtos, especialmente para aquelas pessoas que passam a consumir mais carne bovina, suína, aves, ovos, laticínios. Para tudo isso, é necessário produzir grãos (para os animais comerem, por exemplo). Agora, se faltar água, fica claro que posteriormente irão faltar alimentos.

Escassez de água no Brasil

O Brasil é um dos países que mais possuem recursos hídricos. Cerca de 12% de toda a água do planeta está em seus rios. No entanto, a falta de planejamento quanto a uma utilização prudente pode fazer com que este vital recurso diminua, em especial se não for controlada essa urbanização desordenada em várias das grandes cidades e metrópoles brasileiras, além da poluição provocada por empresas que jogam tóxicos e lixo nos rios, sem falar na exploração inadequada e desenfreada da água.

Isso faz com que a escassez de água no Brasil seja algo premente e que já tem atingido muitas populações. Desde 2014, o país tem vivido longos períodos de estiagem, em especial nas regiões Sudeste e Nordeste, muito provavelmente provocados por mudanças climáticas decorrentes da ação do homem no planeta, além de situações normais do próprio clima, que vive em transformação – essas regiões citadas, por exemplo, possuem histórico de secas em determinados períodos.

O problema é que o Brasil não parece estar preparado para essas intempéries e, quando não chove, os reservatórios secam e fica evidente a falta de um plano para impedir que haja racionamento de água nas grandes cidades, menos ainda um plano para recuperar rios e nascentes que têm sofrido com as secas ano após ano.

A escassez e a economia

Quanto à economia, a escassez trata de algo que é limitado. Desta forma, um consumidor não pode ter todos os bens que almeja, fazendo com que ele escolha uns em detrimento de outros devido à escassez, seja de produtos ou de dinheiro para adquiri-los.

Por exemplo, quando a procura por um determinado produto é muito maior do que sua oferta no mercado, é normal sentenciar que estamos vivendo a escassez daquele produto. Portanto, escassez pode ser considerado como o oposto a excedente.

É importante ressaltar que dizer que determinado bem ou produto está escasso não é a mesma coisa que o definir como raro. Ele quer dizer, na verdade, que está disponível em quantidades bastante limitadas e que seu acesso não é livre.

Em muitas situações, um produto é escasso na medida em que seu preço é inferior ao que está estabelecido tanto pela oferta quanto pela procura. Por isso, em muitos casos, as empresas acabam aumentando o preço dele, com a intenção de equilibrar o seu status no mercado.

Lei da escassez na economia

Dentro desse contexto é importante compreender mais profundamente a lei da escassez na economia. Esta é a capacidade de produzir o máximo de produtos e serviços com os recursos escassos que estão à disposição da sociedade. Vale salientar que, se não houvesse escassez de recursos, não haveria o problema de desperdício ou mesmo um possível uso irracional dos elementos para produzir os bens.

Ocorre que a escassez de recursos disponíveis faz com que também ocorra a escassez dos bens econômicos. É um confronto entre as ilimitadas e incontáveis necessidades humanas versus a produção de bens com recursos limitados. Mas é importante saber que só haverá escassez se houver a demanda para a compra daquele bem.

Na economia, a escassez corresponde à insuficiência de um determinado recurso para atender todas as pessoas que desejam algo, se ele não for cobrado. Por exemplo, os automóveis são o sonho de consumo de muitas sociedades. Se fosse possível distribuir veículos a todos a preço zero, faltariam carros para cobrir a procura, não é mesmo?

O jeito, então, para combater a escassez de recursos perante às necessidades humanas foi a criação do sistema de preços. Quando se cobra um valor para ter acesso aquele bem produzido com diversos recursos, serviços ou produtos escassos, é possível adequar a procura à oferta existente. Ou seja, apenas quem tem dinheiro e está disposto a pagar por aquele produto irá tê-lo.

Se a ideia é regular o controle dos recursos, por outro lado os países insistem no crescimento da produção como condição para vender mais, ter mais dinheiro e poder atender às demandas de serviços públicos e de aspiração econômica de suas populações. Isso faz com que os recursos sejam explorados incansavelmente, impactando claramente na sua existência futura. Porque, quanto mais for explorado e exaurido para produzir bens e serviços, menos recursos existirão mais à frente para atender cada vez mais pessoas, intensificando a desigualdade.

Portanto, apesar da premissa do sistema de preços como regulador da escassez ter procedência, o ideário do crescimento e progresso a todo o custo pode destruir toda e qualquer capacidade de a Terra seguir mantendo sua produção para atender às crescentes necessidades humanas.